Haverá sempre um tempo para sermos o que seremos
quando decidirmos ser. Sonhar só custa ter esperança
em poder simplesmente... ser.
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Não sou feminista mas também não compartilho a opinião de que a mulher foi feita para servir ao homem (marido) e à família; mas penso que é nesse papel que determinadas mulheres se realizam. Não temos o direito de julga-las pejorativamente.
O ideal de realização pessoal tem que ser realmente compromissado com o eu interior. Não se faz ninguém feliz se não for feliz. Talvez, historicamente falando, a mulher tenha sido condicionada a “ser realizada” atrelada à figura masculina, como aquele que a dará o papel de senhora, mulher respeitada, mãe de família; fantasia própria da mulher e seus valores subjetivos.
Avaliando como papéis a serem desempenhados ou decisões culturalmente introjetadas, vemos que há um caminho sendo percorrido pelas mulheres. É um caminho psicológico e social que deve ser analisado com olhos neutros e não só com os que reafirmam a posição pré-concebida. Muito foi conquistado (socialmente falando), mas, como escreveu Cyro Martins, no seu livro “A Mulher na Sociedade Atual”, a mulher mantém uma atitude de ambivalência ante o seu ideal de emancipação social.
Neusa A. Mendes
Sempre me questionei do porque de uma pessoa amar a outra e anular-se. Deixar dominar-se, ser maltratada, desvalorizada, humilhada, desrespeitada na sua condição de pessoa.
Como terapeuta tenho algumas respostas, aprendidas no meu percurso acadêmico. A psicanálise enumera, e muito bem, todas as questões que podem levar uma pessoa a anular-se. Aprendi que um pai tirano e uma mãe omissa ou vice-versa, roubam a auto-estima; que os maus tratos físicos e psicológicos na infância, adolescência e até na vida adulta, são fertilizantes para tornar uma pessoa potencialmente fraca, a fraqueza torna-se a sua força, sua arma de defesa. Como uma praga que ataca o tronco de uma árvore, deixando-a doente a ponto de matá-la; da mesma forma as pragas que atacam o nosso psique, (Freud, Lacan, Jung e outros, as descrevem sabiamente), as tornam presas fáceis dos inescrupulosos. Os psicopatas são mestres em fareja-las. Há tantos psicopatas circulando entre nós e nem nos damos conta que aquela pessoa tão sedutora (narcisista) - prestativa (predadora) – compreensiva (dissimulada) – conselheira (dominadora), tão coitadinha, tão incompreendida, seja um deles. São bons manipuladores, aproximam-se e atacam suavemente e você nem percebe que caiu nas suas mãos, se apaixona, e ai começa o seu pesadelo. Vários motivos levam uma pessoa a ficar nesse tipo de relação sádica, onde o caçador domina totalmente sua presa. Como a minha proposta é falar de mulheres, vou me deter nas mulheres-vítimas, que são submetidas constantemente à humilhação, maus tratos físicos e emocionais.
Para mim, como mulher e terapeuta ao lidar frente a frente com essa realidade, sei o quão doloroso e revoltante é quando uma mulher espancada e humilhada, sem forças para tomar qualquer decisão a seu favor porque não há esperança no seu sofrimento, incapaz de reagir diante dessa dominação, chega em busca de ajuda com os olhos sem vida, pedindo literalmente socorro. O primeiro passo é fazê-la perceber que o aparentemente “ simples fato “ dela estar procurando ajuda é determinante para sua libertação. É gratificante vê-la lutando a seu favor. A cada sessão, descobertas são feitas e medos se vão e o brilho nos olhos começa a voltar.
Ledo engano quem pensa que só as mulheres de classe cultural e econômica baixa passam por essa relação obsessiva; mulheres de todos os níveis sócio-econômicos neste instante estão sendo submetidas a uma relação de amor bandido. Bandido é aquele que rouba as suas forças, os seu ideais, que anula seus valores morais e éticos. É aquele que agride, que te faz impotente, te domina e rouba a sua essência, a sua condição de Ser Humano. Da mesma forma que me emociono com essas pacientes no primeiro encontro também no último, após muitos momentos de lágrimas, dores, medos, verdades e mentiras que se misturam à sua realidade. Sabe e sente de fato quem ela é, o que a prendia nesse cativeiro de portas abertas, mas com trancas na mente que agora não tem mais domínio sobre ela. Após muitas descobertas e aceitação final, quando está pronta para seguir o seu caminho, a emoção é algo indescritível. A sensação que tenho sempre é de estar vendo uma gaiola aberta e o pássaro voando; mas voando com rumo certo, sabendo aonde pode e quer chegar. Cada uma com seus sonhos, não importa se grandes ou pequenos, mas são os seus sonhos - só seus.
Sonhar todo sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é render(...)
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz(...)
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão
Apesar de você
amanhã há de ser outro dia(...)
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão.
"Ah, tirania bandida que se manifesta no desamor ao povo.
É amor bandido, o governo diz que cuida mas rouba." (Neusa A. Mendes)
Você vai pagar, e é dobrado,
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar.
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão
(Chico Buarque)
Neusa A. Mendes
Um dos relatos da hipocrisia humana que mais me impressiona é o da mulher adúltera, encontrado na Bíblia no livro de João, e sempre me emociono ao observar a atitude de justiça, de misericórdia e de amor ao ser humano demostrada por Jesus àquela mulher que foi levada a ele pelos mestres da lei e os fariseus, acusando-a de ter sido pega em adultério e pela lei, ela deveria ser apedrejada até à morte. Jesus sabendo da intenção real deles, inclinou-se e começou a escrever no chão com o dedo. Visto que continuavam a interrogá-lo, ele se levantou e disse: “Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela“. Foram saindo, um de cada vez e a multidão se dispersou. . .
Além de hipócritas, eram machistas, por que a lei dizia que tanto o homem quanto a mulher que adulterassem, deveriam ser executados.
Julgar e até condenar os outros é fácil. Há um certo sadismo manifesto nestes atos. “Pimenta nos olhos dos outros é refresco“.
Quantas vezes apontamos os erros dos outros e “esquecemos” dos nossos. E quando encontramos a quem acusar, que frisson. Aliviamos as nossas culpas, podemos continuar com o teatrinho costumeiro; colocamos a máscara escolhida para a ocasião e saímos desobrigados com a verdade, prontos para, aliados a outros hipócritas, entrar em cena e fazer caras e bocas indignados com a atitude de fulanos e beltranos. Se fosse a nossa vez de atirar a primeira pedra, como no caso citado acima, não ficaria ninguém para ver a cena final.
A hipocrisia é sempre desumana, mas ao lidar com o gênero feminino, ela se mostra ainda mais cruel e dissimulada. Por interesse puramente capitalista, libertadas foram as mulheres das portas de suas casas para que pudessem trabalhar (afinal a mão de obra tornara-se escassa) mas em condições, como sempre, inferiores às dos homens. Começou o uso para benefício dos empresários, os dominadores do mundo. Não devemos negar que foi um gancho, e que as mulheres inteligentes e trabalhadoras viram uma oportunidade, o primeiro passo à sua liberdade; no início era para algumas somente econômica, mas o anseio por igualdade, liberdade, foi mais forte e começamos a aprender a soltar os grilhões impostos às nossas mentes e chegamos aonde estamos. Não pensem os senhores “donos do caminho da humanidade” - grandes empresários/políticos, que não percebemos que essa liberdade dada por vós a nós, não passou e continua a não passar do uso de mão de obra mais barata. Os homens também estão inseridos neste contexto, o uso é mais disfarçado, mas também é. Independente da História e Estórias, nós mulheres temos, sim, que desempenhar o nosso papel com dignidade, conhecimento, confiança; orgulhosas do que realmente conseguimos conquistar e que vai além, muito além do entendimento dos homens. Devemos estar atentas para não entrar nesse jogo de uso do poder, não permitir que a mídia exerça a força de manipular os pensamentos e sentimentos. Mulheres e homens, ambos alvos dos interesses do capitalismo selvagem. Enquanto a “guerra dos sexos” permanecerem nessa batalha, menos tempo temos para nós; relacionamentos desgastando-se ou nem mesmo acontecendo e eles, os senhores-feudais-capitalistas claro, continuam a jogar.
Somos dotados de inteligência e devemos canalizá-la para nos tornarmos seres humanos competentes, responsáveis com a sociedade. Cada um com sua formação, com seu potencial, mas sempre procurando fazer o
melhor do que vier às nossas mãos. Contribuir com os nossos conhecimentos e habilidades para construir uma sociedade justa, culta, deve ser o nosso primeiro e maior motivador para entrarmos, estarmos no mercado de trabalho. Conciliar amor-trabalho-respeito, lutar uma luta justa sem manipulação, sem hipocrisia. “Ser” o que não somos, além de irreal é medíocre. O poder não está no que tenho - bens materiais - mas sim em quem eu sou como pessoa.
Lembrando Betinho, Henfil e Chico Mário - “Dignidade como pessoas” - “indignidade contra a injustiça” - “Expulsar a hipocrisia de dentro das pessoas”.
“Os castores constroem diques que levam 200 anos para serem construídos, e eles não vivem 200 anos”. Conheci esta lição de vida através do Betinho .
E você, o que tem construído para os que virão?!
Neusa A Mendes
"Quem tem suas cabras, que as prenda, porque os meus bodes estão soltos".
Insensibilidade, machismo e muita burrice; alguns pais além dos bodes também tem suas cabras, e aí como é que fica.! Ditado popular para exibir sua virilidade. Será que eles sabem o que é ser viril, ou eles pensam que se não ficarem exibindo essa tal virilidade vulgar, serão menos "homens". Com certeza eles não sabem o significado real de ser homem. - Hipocrisia, o que é
Segundo Aurélio Buarque H. Ferreira:
1) Afetação de virtude ou sentimento que não se tem.
2) Fingimento, falsidade.
Há homens que mantém suas mulheres como donas-de-casa; trabalhando fora elas manterão contato todos os dias com outros homens e a sua masculinidade corre perigo, pensam eles. O medo associado à culpa é um fantasma ao qual somos presas, eles dominam o seu psique, e a sua moral nem se fala. Nesse caso que moral, né?!
O medo da perda da virilidade, que pode ser fisiológica, ou o medo da comparação, levam geralmente os machistas de carteirinha a preferirem casar com as virgens. Assim não há como julgar, ela só conhece esse sexo e ele erroneamente se sente seguro em relação às suas proezas sexuais. Não é preciso experimentar outro parceiro para saber que o que você tem não te satisfaz. Preocupado consigo mesmo, deixa mulher em algum plano que não é o primeiro, ele não se preocupa com o que ela gostaria de experimentar, de trocar, de sentir. Geralmente "papai e mamãe" está muito bom. Afinal, existem as "Genis" pra quê? Tão usadas, tão maltratadas, tão solitárias, tão infelizes com o seu personagem nessa sociedade de uso e menosprezo. Desrespeitadas como seres humanos, passam a acreditar que é esse o seu papel, o seu destino. A sociedade hipócrita e machista, por interesse, mantém as suas "Genis" presas à essa degradante auto-análise. Libertem-se, tomem suas vidas de volta, não sirvam mais a esses porcos chauvinistas, talvez assim eles aprendam a ser homens.
E a mulher por não conversar abertamente (por várias razões) com o homem sobre sexo, também mantém esse relacionamento sexualmente hipócrita. Se falso orgasmo valesse prêmio, a maioria das mulheres teria ganhado alguns Kikitos, Palmas de Ouro, e até um Oscar! (Não entra nesse comentário as mulheres que tem algum problema psicológico e/ou fisiológico. Se você tem problemas dessa natureza, procure um médico e um psicólogo).
Os homens têm medo do poder sensual das mulheres (e viva o estrogênio). Sentem-se muitas vezes acuados diante da ousadia da sensualidade de suas parceiras e aí, ou eles castram a sensualidade de suas mulheres, ou eles vivem assombrados pelo fantasma do medo e da culpa, ou eles aprendem que sensualidade mais sexualidade, estrogênio e testosterona, rolando juntos fazem o que há de mais bonito no sexo, a cumplicidade.
Para ele:
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que me deixa maluca, quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
(Chico Buarque)
Para ela:
Quero sua risada mais gostosa
esse seu geito de achar que a vida
pode ser maravilhosa
Quero toda sua pouca castidade
Quero toda sua louca liberdade
Quero toda essa vontade de passar dos seu limites
e ir além, e ir além...
(Ivan Lins, Vitor Martins)
Por onde andará? Poderia por a culpa no super-ego e classificá-lo como o grande vilão da naturalidade, o interditor das satisfações dos nossos desejos. Mas, se bem trabalhado, é o mediador entre repressão e liberdade. Válvulas de escape nos dão a chance de deixar o id (impulso primitivo) se manifestar com liberdade em condições “Moralmente” justificadas, segundo os padrões da cultura vigente. No carnaval, os impulsos mais primários e sem limites seguem livremente liberando seus desejos reprimidos. O super-ego é necessário sim, já que cabe a ele, ser a ferramenta que nos põe na linha; é o orientador que tenta, coitado, manter a sociedade “civilizada”. Civilizada?! Nos percebo, cada vez mais, nos castrando de nossos sonhos, de nossa felicidade, da alegria. Quanto mais aprendemos, menos sabemos. Sabotagem pura! O homem desaprendeu ser feliz, esqueceu-se, talvez, de olhar para trás e rever os sonhos sonhados na infância, na juventude.
Somos passageiros do tempo e me lembrei de uma menina, lá do passado, que por força das circunstâncias, vivia numa casa de neuróticos (ainda bem que não era de sua família). Essa menina tinha algo diferente, nascera com um humor muito especial, seu aliado para toda a sua vida. Situações que a causavam tristeza, humilhação e maus tratos emocionais, não contaminavam o seu humor, ela sorria e sua alegria era sua força para suportar e superar aqueles tempos. Hoje, mulher, a sua gargalhada é a marca de sua alegria e do seu bom humor contagiante. Existem momentos de dor, medo, insatisfações, perdas, enfim, tudo que um ser humano vive; mas essa mulher escolheu por manter-se alegre. Voltando àquela menina, um dia ela soube que o casulo de uma lagarta estava para romper; sentadinha, com os olhinhos fixos e muito vivos, ela esperou por um bom tempo, até . . . que coisa linda! Uma borboleta preto-amarelada, saiu e . . . voou livre para seguir o seu destino. Acho que o bom humor daquela menina, era o seu casulo, onde se protegia esperando o momento certo para sair e saiu – forte, livre para o seu destino. Voltando à mulher, ela aprendeu com a menina que ser feliz é uma opção de vida e não uma condição da vida. Voltando àquela menina, sonhar era com ela mesma; à noite, escondida na biblioteca da casa, ela ouvia bem baixinho música clássica e deixava a sua imaginação alçar longos voos; sonhava sempre com muitos amigos, todos felizes e realizando grandes proezas.
Quanto mais sonhamos, mas ampliamos as chances de sermos felizes. Fugir do mundo reduzindo pessoas ao nosso redor, interessando-se menos por mais coisas que a vida nos oferece, diminui os nossos horizontes. Quanto mais objetivos temos na vida, maiores são as oportunidades de encontrarmos a felicidade. GENTE FELIZ TRANSFORMA O AMBIENTE, contagia o ar tornando-o mais leve, gente feliz faz bem à saúde (deveria ter um slogan assim espalhado pelas cidades, nas portas das casas, das escolas). Ser Feliz é prazeroso.
Pensar e repensar sobre oque é ser feliz, deveria ser assunto de pesquisa séria; afinal, vivemos em comunidade, somos seres sociais e o que a infelicidade do outro pode trazer para as nossas realidades, é perigoso, traz consigo o poder de desestruturar, e uma sociedade assustada cria ainda mais seres infelizes. “A felicidade deve ser considerada como um bem perseguido por todos”(Bertrand Russel).
Passamos pela alegria como se fosse coisa de criança; justificamos com os nossos conflitos emocionais, o estresse do dia a dia, que nos torna cada vez mais individualistas e há aquela tendência a eleger os problemas como motivadores de nossas tristezas e nos tornamos desmerecedores da alegria. Que catarse fantástica se houvesse o Dia Internacional da Gargalhada, com hora marcada e tudo.
Há o milagre de crer, que apesar de tudo, temos um antígeno dentro de nós contra as dores da vida. Não me considerem tola, digo isso, porque venho sofrendo e praticando a alegria associada ao sorrir; uma boa gargalhada é o auge desse processo.. Pratique com alguém, a alegria é um bem precioso, é uma demostração de amor à vida e aos outros. Resgatar pessoas, agregá-las ao nosso cotidiano apenas pelo prazer de saber-se vivo.
“ Viver, e não ter a vergonha de ser feliz” (Gonzaguinha).
Fico pensando e me pergunto: - Por onde andam as borboletas? Não há mais música clássica? O sol nascendo ou se pondo? A lua cheia ou minguante, não importa? A chuva nos dias quentes? O friozinho com chocolate quente? O bate papo com os amigos? E as pessoas? Aonde elas estão? Será que perdidas nos seus sofrimentos, garantindo assim, o direito de não sentirem-se felizes? Ser e Sentir, são coisas bem diferentes , assim como, Ser e Estar também são. Nesse momento estou triste porque uma pessoa que amo está sofrendo. Mas a alegria pulsa dentro e junto com o meu coração, não há como separá-los, se isso acontecer, morro!
Saber esperar a dor passar é demostração de força interior, é ter fé. E pode ter a certeza que assim como as ondas do mar . . . vem e vão . . . como a tempestade vem e passa, assim são as dores do homem . . . vem e passam.
Desejo para você uma reflexão com resultados que o leve a optar pela alegria, buscá-la e encontrá-la; não deixe de olhar ao redor, você pode se surpreender com o quanto você tem em quantidade e qualidade de alegrias, só esperando para serem vividas. Boas Alegrias para todos vocês!
"Eu fico
Com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...
Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz..."
Neusa a Mendes
Eu e minha filha sempre fomos muito amigas, aprendemos uma com a outra que a verdade e a liberdade de dizê-la foi o ponto fundamental para termos o que temos hoje. Mas o que é liberdade para falar de verdade? É falar o que vem à cabeça e passar por cima dos valores dos outros; é fazer da falta de educação e respeito uma apologia à autenticidade? Para nós duas era demonstração de cuidado, de amor. A minha parte, no meu papel de educadora, deixá-la crescer mas ensinando-lhe o caminho, procurando viver as mudanças de nossa geração mas atenta às coisas que são imutáveis e que eram necessárias serem mantidas, eu fiz; e ela fez a parte dela, ouviu respeitou, questionou quando necessário e cresceu.
Hoje mães e filhas não conseguem conversar. De um lado mães presas à educação recebida sem conseguir, e muitas nem querem tentar, mudar; e do outro lado filhas que já tem um discurso prontinho na ponta da língua. Para elas, as mães são caretas, querem mandar, não respeitam “o meu limite”, não “sacam” que a realidade agora é outra. Pensando bem, é mesmo, infelizmente. Nossos filhos estão expostos à uma realidade mais violenta, as drogas são vendidas a 1,00 real e nos lugares “mais inocentes”, bandido e polícia, já não se sabe mais quem é o vilão, fora as exceções (Existem os policiais que cumprem o seu juramento de proteger o povo). Na televisão cenas de sexo tornaram-se banais, jovens se prostituindo, famílias se desmoronando, pedofilia, internet, vídeo games demais, pracinhas vazias sem filhos e sem pais, curso disso, curso daquilo. . . Ufa! Tantas coisas compactuando para que a realidade de hoje não seja a mesma. Mas uma coisa não muda: Amor; e é esse velho e eterno sentimento a poderosa arma para juntos, mães e filhos, como numa maratona, pularem os obstáculos e chegarem a um denominador comum. Mãe, conheça os amigos de sua filha, traga-os para dentro de sua casa; sei que o corre-corre do dia é cansativo, mas não se deixe enganar pelo seu desejo de ter um fim de noite tranquilo - “Afinal, minha filha está na casa de fulana, são amigas, lá ela está segura”. O perigo está em todo lugar. Não quero botar terror, só me acho na obrigação de lembrá-la que você é responsável por sua filha. Ligue para ela, não para o celular, mas para a casa da amiga, fale com a mãe da amiga. Procure ver, no sentido literal da coisa, quem são e como são os amigos de sua filha, leve e busque nas festinhas. Isso, por mais que ela reclame, é zelo e deixe-a perceber, sem brigas, que você se importa com ela. Isso é demonstração de amor. E quando ela estiver pronta, orientada com amor por você, ela saberá caminhar sozinha e ai sim, você poderá ter noites tranquilas. A confiança foi estabelecida!.
Quanto a você, filha, com a ilusão natural dos jovens, que sabem tudo, que sua mãe é “sem noção” e com a preocupação: “O que os meus amigos vão pensar?”, saiba que tem muitos jovens, até quem sabe alguns amigos seus, que queriam estar no seu lugar, ter alguém que realmente se preocupe com eles. É natural no ser humano gostar e necessitar de ser cuidado, saber que não está à mercê da sorte, que alguém, quando é necessário, sai feito “louca” para ajudá-lo. Se você tem uma mãe assim, agradeça a Deus e dê valor ao que você tem. Busque saber sobre ela, como foi a sua juventude, troque ideias; mesmo que as coisas andem devagar, que haja resistência, não deixe de tentar. Você verá que vai existir o momento em que vocês, mãe e filha, estarão conversando como boas amigas. O amor tem o poder de dissolver pré-conceitos e fazer deles um conceito firme. Aonde há verdade e liberdade, ali haverá uma amizade sólida.
“A confiança e o respeito são sentimentos que conquistamos com o coração aberto. A amizade é consequência.”
Neusa A. Mendes
"Somos o que fazemos, mas somos principalmente o que fazemos para mudar o que somos."
(Eduardo Galeano)